terça-feira, 13 de setembro de 2016

O livro de Nat Gel

Elas estão por toda a parte. Já formaram o seu exército. Muito se fala sobre invasões bárbaras, terroristas, aliens se aproximando, descendo de seus discos, das luzes, de suas naves redondas, rotundas, dos objetos voadores não identificados, de seres de outro planeta, mas... Não se olha a Terra. Terráqueos costumam só prestar atenção no passado. Dinossauros, mamutes, pés grandes e outros animais de enorme porte. Ou, por vezes olham para o futuro, preveem algo que virá do céu, num momento Torres Gêmeas, distraídos pra morte, quando todo mundo menos esperar. E no presente tem mistério. Tem coisa. Tem fumaça. Tem fogo. Tem agito. Tem ar, água, terra, quantidade, abundância, números, respiros, expiros, inúmeros seres caminhando, saindo de buracos, túneis, coexistindo conosco; não bípedes, nem quadrúpedes, não médios, nem grandes. Pequenos. Voam? Sim. Andam? Também. Têm olhos? Claro. Percepção aguçada? Ainda mais. Estratégias? Como não?! Nós, humanos, os menosprezamos por serem facilmente eliminados? Creio que sim. Mas eles ou elas se reforçam. Já criaram um batalhão. Enquanto olhamos para os céus de toda a parte do planeta, da América do Norte à Oceania, contamos as estrelas e as estudamos, observamos a diversidade de constelações vagando pelo infinito. Concluímos as tantas descobertas, que damos nomes, visualizamos o horizonte com lunetas, visitamos planetários, instalamos bases em desertos silenciosos mundo afora, paramos para aguardar a chegada de algum novo ou velho cometa, enviamos espaçonaves, foguetes, aviões- caça, balões, pipas, qualquer coisa que voe e que chame a atenção do território pisante para o celestial. Apontamos para as nuvens e, enquanto isso... Elas estão aqui embaixo, por toda a parte. O que são elas? Por que demos um nome feminino a elas? Moramos no Brasil e nossa língua é portuguesa. Em outras culturas, suas variações são outras, porém, todas iguais em determinações. São orientadas. Disciplina e perseverança são boas palavras para defini-las rapidamente. Se formos dar nomes aos bois, diria que são em maior número que o gado. Não estão aqui para nos darem alimento, talvez apenas alguns países com escassez as consumam. Mas elas consomem noite e dia os restos e rastros que deixamos por toda a nossa passagem. Emitem som? Não as ouvimos. Exalam cheiro? Não conseguimos sentir. Quando morrem, será que ressuscitam? Não sabemos. São discretas, porém, e por tudo isso, são poderosas. Talvez a única coisa que não saibam fazer seja dançar, como outros seres de aproximada espécie demonstram ao voar ou a rodopiar no chão. Elas nos machucam? Ainda não. Não possuímos a capacidade de imaginar ou de estudar o que elas podem estar criando no subterrâneo. Acha que eu penso que elas são aliens? Sim, admito que tenho uma vaga impressão. Ligeiramente me pego durante a manhã ou a madrugada observando sua marcha. Estão sempre em equipe, com suas antenas invisíveis a olho nu, caçando o que os humanos e outros animais deixam pelo caminho; seja fora ou dentro de um ambiente, lá estão elas, ligadas. Vivem num ritmo contínuo e acelerado. Posso dar nomes de pessoinhas para este forte exército, escolhendo aleatoriamente seis machos e seis fêmeas para contar a história de uma batalha. As gladiadoras e os arqueiros trabalhando sem armas, somente com o corpinho frágil, onde qualquer peteleco humano, ou quaisquer pisadas de filhotes ou de púberes animais, em segundos podem destruí-las. Mas depois de aniquiladas, elas ressuscitam? Vai saber... Portanto, escolhi para narrar esta história, nomes expressivos, mesmo que todas se pareçam idênticas e sem personalidade marcante. [CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA]

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